sábado, 3 de setembro de 2011

Tchau Brasil, hi USA!

  
   Depois de meses de preparação, ansiedade e expectativas, chega o grande dia da minha viagem. Malas prontas, presentes comprados, documentos organizados, passaporte na mão. Sinto que não falta mais nada para a realização do meu sonho.
Emilly Gabrielle Carlos de Souza 

   A sensação de estar a um passo do futuro é inquietante. E, saber que as pessoas que eu realmente amo me apoiam e estão comigo independente da decisão tomada me deixou ainda mais confiante. Aqueles que não estavam comigo no aeroporto, estavam comigo mentalmente.

   Confesso que ao entrar no avião, a única coisa que me veio a cabeça foi: O que é que eu estou fazendo da minha vida? Eu ficarei longe de tudo e de todos, vou recomeçar uma vida num país diferente. O medo me subiu a cabeca. Tive vontade de sair daquela aeronave e desistir do que eu estava fazendo. Foi quando eu vi o meu caderno, onde nele estavam a maioria dos recados que meus amigos, colegas e melhores amigos fizeram para mim. Ao começar a ler, resgatei forças para não pensar como uma medrosa, mas sim como uma vencedora por estar realizando a minha maior vontade.

   Após horas de voo, eu não aguentava mais ficar sentada. Ao chegar em Miami, admirei-me com a fila enorme na imigração. Tudo ocorreu bem e o meu segundo voo para Denver estava a minha espera. Foram as 15 horas mais demoradas, mas também as mais esperadas de toda a minha vida.

   Ao chegar em Denver, pedi ajuda para achar o lugar de despache de bagagem. Para a minha surpresa, meu chairman não estava lá. Sim, ele era a pessoa responsável por me buscar no aeroporto. Não fiquei desesperada como pensei que ficaria. Peguei minhas malas e procurei o telefone mais próximo. Por sorte, no dia anterior, eu decidi imprimir o seu telefone, em caso de precisão.
  
   Após falar com ele, nos encontramos e fomos para sua casa. A viagem de Denver para Boulder foi confortável, mas não muito proveitosa, já que eram 11:50pm. Ainda no carro, perguntei-o se havia alguma coisa a respeito de sua que eu deveria saber. Ele respondeu que não, então fiquei tranquila. Ao chegar em casa, senti a extrema necessidade de comer, tomar um banho e DORMIR! E assim o fiz. Porém, quando fui tomar banho, percebi que o chuveiro não ligava. Apenas a torneira da banheira estava funcionando. Eu sabia que usar a banheira aquela hora da noite além de fazer barulho, não era adequado. Foi então que eu vi que a única solução seria tomar banho atravéz da torneira da banheira. Foi o banho mais estranho que tomei na minha vida. Acho que eu ri mais do que tomei banho. Naquele momento, me senti uma verdadeira intercâmbista.

   Não senti dificuldade para dormir. O cansaço era grande, mas a minha convicçao a respeito do meu objetivo era maior que a minha vontade de chorar. Eu estava bem, feliz, realizada e esperançosa, afinal, no dia seguinte eu conheceria a minha primeira host family. O meu primeiro café da manhã foi a comida mais estranha que eu poderia imaginar, mas deliciosa. Conheci o centro da cidade e vi as mais diversas atrações. Por todos os lados haviam pessoas tocando algum instrumento musical. Senti-me maravilhada com tanto talento em um so lugar em plena manha de domingo. A tarde fomos para Golden, minha atual cidade.

   Não pude esperar mais da minha primeira familia. Eles foram e são a melhor familia anfitriã que eu poderia ter. São a típica-atípica família Norte Americana. Acho que nunca pratiquei tanta atividade física e comi tantas comidas diferentes em apenas uma semana. Tenho dança de segunda a sexta-feira, corro com minha irmã pelo menos uma vez por semana. Para compensar, como os mais diversos pratos mexicanos, italianos, norte americanos que eu poderia e não poderia imaginar.

   Estou mais do que feliz no Colorado. Posso dizer que não me incomodo mais com a não humidade do ar ou com o sol exagerado que temos aqui. Estou me adaptando e sei que em poucos dias serei mais do que uma intercâmbista, seria um quase "nativa norte americana".

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Seja bem vinda, Julia Solis!

  
   Após semanas de conversas através da internet, começamos a conhecer mais sobre o nosso novo membro da família. Julia Solis é natural do México, mais precisamente do estado de Guanajuato, que fica no centro do país.

   Arrumamos toda a casa. Compramos as mais diversas comidas típicas brasileiras que estavam ao nosso alcance. Sem sombra de dúvidas, queríamos que Julia experimentasse um pouco de tudo e de tudo um pouco. Quando terminamos, veio a insônia e, junto com ela, a ansiedade de conhecer a tão esperada intercâmbista.

   Saímos as 04h30min da manhã do dia 18 de Julho de 2011 em direção ao Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife. A viajem foi longa, mas, a cada minuto que se passava, sabíamos que estávamos mais próximos de encontrá-la.

   Preparamos tudo. Fizemos cartazes e enchemos vários balões com a bandeira do México e do Brasil. Além disso, tinha também um balão enorme em formato de coração e um banner, no qual estava escrito: Seja bem vinda, Julia!

   E, as 06h45min da manhã, chega Julia Margarita. Cansada, com fome e com muita indisposição, ela, definitivamente, não esperava uma festa na sua chegada. De acordo com a mesma, o máximo que ela achava que aconteceria seria um cartaz bem informal com o nome dela.

   Todos no aeroporto nos olhavam perplexos. Certamente pensavam "Como eles conseguem estar tão animados antes das 7 horas da matina?". Mesmo assim, a nossa felicidade não mudou. Julia estava incrédula, mas, ao mesmo tempo, alegre.

   Logo depois, fomos tomar café da manhã e a levamos para conhecer o aeroporto. Sucessivamente, fomos ao shopping Recife, onde a presenteamos e começamos a ensinar alguns objetos, os quais ela aprendeu rapidamente seus nomes.

   Ao chegarmos em casa, ela se deparou com um cartaz enorme - escrito em espanhol - desejando-lhe boas vindas ao seu novo lar. Na porta do seu quarto haviam cortinas nas cores do nosso país e em cima da cama estavam mais presentes relativos ao Brasil.

   Sua adaptação com a comida e, principalmente, com a casa, foi fácil. Nós a deixamos à vontade e ela assim se sentiu. Apegamos-nos a ela e ela a nós. A sensação que tínhamos era que ela já fazia parte da família e veio apenas novamente ao nosso encontro.

   Em relação a língua, está muito adiantada. Ela aprendeu rapidamente todas as palavras que lhe foram passadas e, na mesma semana que chegou, já estava ate conseguindo falar um pouco no telefone. Viajamos e apresentamos a ela o máximo de coisas que conseguimos. O interessante é que os nossos familiares também acharam que ela parecia uma pessoa da família, pois seu jeito de ser lembra muito o nosso.
  
   De acordo com Julia, o Brasil é um país superbonito e tudo o que ela viu, gostou. "Os brasileiros são muito parecidos com os mexicanos. São carinhosos, simpáticos e querem sempre dar o melhor de si para agradar o próximo" diz ela. E assim esperamos que seja, pois queremos tratá-la da mesma forma que eu gostaria de ser - nos EUA-, ou seja, tratada como uma filha.

   Sendo assim, esperamos fazer o possível para tornar o intercambio dessa tão presunçosa mexicana o mais inesquecível de todos. Mostrado coisas boas, mas também algumas ruins. Fazendo-a aprender muito a respeito dessa cultura tão rica que é a brasileira.

Emilly Gabrielle Carlos de Souza.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Consulado Norte Americano


                                                  
   Antes de embarcar na viagem mais emocionante da sua vida, existe uma etapa essencial chamada visto. Assim que se tira o passaporte, o próximo passo é passar por essa entrevista, que decidirá sua ida ou não para o país destino.    
   Após pagar taxas e mais taxas, fora o agendamento do visto, espera-se o dia da tão “tenebrosa” entrevista. A fila é grande, a segurança maior ainda. Seguranças lhe rodeiam a todo o momento e, ao mesmo tempo, lhe observam a cada instante.
   A papelada requerida não pode ser deixada de lado: Documento dos imóveis, identidade, certidão de nascimento, contracheques, enfim, uma série de formulários e papéis que precisam ser levados para uma avaliação momentânea.
   Digamos que, conseguir um bom entrevistador é apenas uma questão de sorte, já que ninguém nunca sabe o que lhe espera. Além disso, a facilidade de ter o visto aprovado quando se vai por um programa de intercâmbio é muito maior, já que seu objetivo não é para fins turísticos, mas sim educativos.
   O tempo dentro do estabelecimento é relativo. Porém, aconselho-lhe a chegar cedo, pois, em qualquer eventualidade, ainda tem-se tempo de consertar algo ou, até mesmo, não enfrentar uma grande fila – que, certamente, é a pior parte.
   O resultado é dado na hora e lá dentro eles já possuem um stand dos correios, onde se compra um envelope (SEDEX) para o envio do seu passaporte com a resposta. Caso aprovado, mantenha a calma, caso não, não se preocupe. Você ainda terá um tempo para refazer a papelada e tentar novamente. Então, lembre-se sempre de conferir toda a documentação antes mesmo de entrar no consulado, já que, uma vez dentro, você não sai mais até que sua resposta tenha sido dada. Faça um check list com tudo que será necessário levar. Dessa forma, você não se confundirá, caso precise de mais alguma coisa para completar mais uma fase importantíssima do seu intercâmbio.

Emilly Gabrielle Carlos de Souza

terça-feira, 12 de julho de 2011

Nossa homenagem para os pais

Gravatá, 10 de julho de 2011.

   Bravos são os homens que têm coragem de conhecer o desconhecido, explorar o novo, compreender o incompreensível. Porém, mais bravos ainda são aqueles que os apóiam e apostam tudo em suas descobertas.
   O tempo passou rápido. Estamos cada vez mais próximos de embarcarmos para mais um desafio. Lembramo-nos como se fosse ontem o dia em que decidimos encarar essa jornada. No início, existiram muitas indecisões e apreensões, mas hoje temos certeza:  Tomamos a decisão correta.
   O dia de irmos embora está chegando, mas isso não nos provoca medo. A ansiedade, animação e felicidade no abordam. Todavia, não desistiremos fácil do que temos em mente, já que foram vocês mesmos que nos ensinaram a não temer o obscuro. Se hoje estamos buscando os nossos sonhos, saibam que isso se dá graças a vocês, que nos deram todo alicerce com a maior dedicação possível.
   É... Uma hora isso ia acontecer, a vida cobra e a gente tem que crescer. E é exatamente isso que o intercâmbio traduz. Sabemos que não será fácil, mas o saldo positivo que ficará conosco... Ah, esse sim será inarrável. Pois, assim como um pássaro sairá do ninho para atingir novos horizontes, partiremos daqui. Não com a certeza de que apenas voltaremos, mas com a mesma de que voltaremos melhores do que partimos.
   Sendo assim, não importa o onde, o como ou o quando, levaremos vocês em nossos corações.
    
                                     Com amor, Outbounds 2011/2012

                                                    
                                          

Está chegando a hora

   A cada dia que se passa, aproxima-se o dia partir. Treinamentos, conselhos, abraços, palavras, cartas, despedidas. Ao fazer intercâmbio, pensa-se sempre que falta "muito" para viajar. Porém, quando se dá conta, falta apenas um mês para a tão esperada realização do sonho. O que é intrigante é que a ficha só cai realmente quando se está em momentos decisivos, onde sabe-se que não terão mais volta.
   Ao entrar em um programa de intercambio pelo Rotary, passa-se por uma série de treinamentos, os quais são de extrema necessidade participar, já que um ano fora de casa precisa pré-requisitos. Todavia, o último treinamento é mais pesado, fora do local usual de encontro e pode-se levar familiares para participarem.
   Normalmente, essa preparação (dependendo do seu distrito) é feita em Gravatá - PE (nesse caso, foram os distritos 4500, 4720 e 4390), onde intercâmbistas de quarto estados do nordeste brasileiro participam juntos e acabam por fazer laços de amizades que levaram para sempre. Como diz a frase: Só entende intercâmbista, quem é intercâmbista. E é exatamente o que acontece. São vários jovens, em media com a mesma idade, que buscam o mesmo sonho e possuem quase o mesmo objetivo: Fazer um bom intercâmbio. Como é de natural tornar-se amigo de quem se têm coisas em comum, não é para menos que todos façam amizades e se tratem como se conhecessem a anos!
   Após muitas palestras, alegrias e novas amizades, você se depara tirando a foto oficial, ou seja, a última foto. Aquela com todos os intercâmbistas. Aquela que, no ano passado, você viu outras pessoas tirando e que agora é a sua vez. É nessa hora que se nota como o tempo passou rápido, como é necessário aproveitar cada segundo.
   A vontade de voltar atrás e fazer com que tudo aconteça de novo é grande. E, a partir daí, começa-se a perceber isso é intercâmbio. É aprender a valorizar aquilo que, antigamente, passava por despercebido. É analisar tudo a sua volta e aproveitar ao máximo as coisas boas. É ficar feliz com a felicidade do outro e não invejá-la. É crescer na vida com o apoio de quem torce por você. É saber que, quando voltar, terá alguém a sua espera de braços abertos para receber tudo o que de melhor se pode oferecer.

   Pois é, falar de despedida certamente é uma das piores partes de todo o processo preparatório. Justamente pelo medo, que te aborda nessas horas. Mas, com a aproximação dos dias, o fortalecimento torna-se maior e a vontade de prosseguir ultrapassa qualquer barreira, até mesmo aquele que, antes, era inimáginável.


Emilly Gabrielle Carlos de Souza



PS: Fizemos uma homenagem aos pais no nosso último dia com uma bela música e uma carta. Publicarei o conteúdo da carta na próxima postagem.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Queridos leitores,

Desculpem-me pela demora para atualizar o blog. Tenho passado por momentos muito delicados em minha vida e o tempo necessário para a produção de ideias e, até mesmo, para postar, não me foi concebido. Acabei ficando doente e, para piorar, começaram os testes finais, que fizeram de mim uma verdadeira prisioneira em meio de varias complicações e enfermidades. Porém, firmo junto à você, caro leitor, o compromisso de que procurarei ser mais rotineira, para que haja sempre uma renovação a cada vez que a página for aberta. A partir de agora, um dos assuntos que mais serão falados será: Despedida. E esse será o tema do próximo post. Espero você na próxima atualização.
Grata,
Emilly Gabrielle Carlos de Souza

O Guarantee Form (GF)

   Objetivo, com poucas folhas, demorado, complicado. Essas são algumas características do formulário mais esperado de todo o processo preparatório. O andamento do Guarantee Form (GF) começa juntamente com o Application Form (Formulário citado na 6º postagem). Porém, o mínimo é preenchido por você, já que quem responderá a maioria dos espaços em branco serão a família e o clube do Rotary do distrito que irá.
   Endereço da escola, da residência, dos pais anfitriões. Nome do conselheiro, do seu estado! Todas essas informações vêm anexadas no GF de cada intercâmbista. Além disso, os e-mails dos membros associados ao clube e dos “hosts parents" não ficam de fora, facilitando toda a comunicação entre você e sua futura família.
   Entretanto, o formulário de garantia tem como função principal permitir sua entrada no país destino, pois junto ao GF vem também um papel de legitimação do seu intercâmbio cultural. Então, na hora da entrevista do visto, o consulado analisa seus documentos e a probabilidade de conseguir a aprovação torna-se ainda maior.
   A questão é que para recebê-lo, é necessário, a princípio, preencher todo o GF do intercâmbista que vem para sua casa. Daí sim, você receberá o seu tão esperado documento.  Mas, lembre-se que esse é um processo demorado e que exige calma, principalmente na hora de completá-lo.
   Sendo assim, apresse-se para preencher tudo devidamente, para que assim você possa, tanto fornecer a alegria para a pessoa que virá para sua casa (afinal, ela também estará louca para saber mais sobre sua futura família), quanto receber resposta do seu futuro lar: O país anfitrião!

Emilly Gabrielle Carlos de Souza